quinta-feira, 29 de julho de 2010

Brasil e Europa - Poder Medicinal das Águas Minerais

Alcalinas, sulfurosas, carbogasosas, ferruginosas, magnesianas, radioativas, bicarbonatadas e oligominerais. As águas minerais previnem contra inúmeras doenças, mas é preciso conhecer as suas propriedades medicinais.

E é apostando nesta nova pesquisa médica, que classifica os tipos de água de acordo com seus poderes para a saúde, que está surgindo na Europa um novo tipo de spa, aquele que oferece tratamento de saúde e beleza à base do consumo de água mineral. A Evian, uma das mais conhecidas marcas francesas, está comemorando seus 200 anos, com a inauguração do LÈ Espace Thermal Evian, spa especializado em hidroterapias. Neste centro é oferecido a "terapia de diurese", que dura 21 dias e consiste na ingestão de até quatro litros de água por dia.

"O tratamento é indicado para quem sofre de doenças renais e do metabolismo, de gota e de distúrbios digestivos. Além de beber água nas horas recomendadas pelos médicos do spa, há também sessões de massagens com duchas. O tratamento tem efeito tanto na redução do risco de cálculos renais quanto no combate ao estresse. E quanto à beleza, suaviza a pele, tornando-a macia e brilhante", garante Julien Turri, gerente comercial da marca no Brasil.

Para fazer um spa de hidroterapia, porém, não é preciso ir à Europa. Num país tropical como o Brasil, com uma gigantesca bacia hidrográfica, há fontes de todos os tipos de águas minerais à disposição de quem quer mergulhar fundo num tratamento desses. Basta saber escolher, seguindo orientação médica.

CIÊNCIA - Na França, água mineral é assunto tão sério que elas são controladas pela Academia de Medicina e pelo Ministério da Saúde. O professor Cang Nguyen Ba, da Universidade de Bordeaux, é um dos que garante que o consumo regular de águas de tipo alcalino elimina o risco do aparecimento de cálculos renais. "As águas do tipo alcalina eliminam o excesso de ácido úrico e previnem contra os cálculos renais. Já as águas ferruginosas são mais indicadas para quem sofre de anemia. E a radioativa age como sedativo".

No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria de águas Minerais (Abinam) reconhece os efeitos medicinais das águas minerais. Segundo esta entidade, há 12 tipos de água mineral (os dez tipos descritos no quadro e mais dois tipos compostos, a água sulfurosa-laxativa e alcalinoferrosa). As sulfurosas, por exemplo, são receitadas para prevenir e tratar distúrbios do fígado. E podem ser usadas por diabéticos.

Mulheres que bebem pouca água, por exemplo, apresentam maior tendência a ter germes na bexiga. Por isso, os médicos recomendam um litro e meio de água por dia para impedir que os colibacilos subam até a uretra. Para cistite, receitam as águas neutras. Quem tem esse problema, não pode beber águas alcalinas, cuja baixa taxa de acidez favorece o desenvolvimento de colibacilos.

PARA CRIANÇAS - A hidroterapia também é indicada para crianças e até bebês. Para surtir efeito, porém, é preciso cuidado redobrado no que se refere à origem da água consumida. Os especialistas da Abinam fazem um alerta contra grandes empresas que engarrafam a água que sai da torneira, tratada artificialmente com soluções salinas artificiais. Segundo o relatório da entidade, ainda que este tipo de água seja próprio para o consumo (tanto que évendido em supermercados), trata-se de água natural tratada artificialmente e não de água mineral e o consumidor não deve confundi-la com a água mineral natural.

Outro cuidado importante é o que se refere à composição química da água própria para consumo infantil. "Na França, a água considerada potável deve conter menos de 50 mg/l de nitratos. Mas para os recém-nascidos e as crianças as taxas de nitratos devem ser inferiores a 15mg/l. Por isso, crianças só devem beber uma água especial, mineral ou de fonte", diz o professor Boyan Christoforov, chefe do serviço de medicina interna do Hospital Cochin, em Paris.

Já o farmacólogo Jean-Paul Giroud, membro da Academia de Medicina da França, informa que há também contra-indicações a serem observadas na utilização terapêutica das águas mineirais. "Água muito mineralizada é desaconselhável para quem tem problemas renais. A presença em excesso de minerais aumenta o risco de cálculos. Em compensação, a água rica em sais minerais só é útil para as mulheres grávidas. As águas muito ricas em sal, como a de Vichy, são desaconselhadas para pessoas com hipertensão", alerta.

A água é o conteúdo principal das células, além de funcionar como meio de transporte de nutrientes. E as necessidades deste líquido variam de acordo com a fase da vida, mas, de modo geral, os médicos recomendam 1 mililitro de água por caloria consumida ou 30 mililitros de água por quilo de peso, o que equivale a 2,5 litros de água/dia.

No caso de suor excessivo, o consumo diário sobe para 1,4 mililitro por caloria. E deve ser maior na gravidez ou nas dietas para emagrecer. Segundo o médico Flávio Rotman, especialista em nutrição e autor de A cura popular pela comida (Editora Record), a água é essencial na prevenção do envelhecimento e na recuperação de doenças crônicas, além de ser útil para o emagrecimento. Nestes casos, o consumo diário deve ser acima de três litros. "Consumindo menos do que isso, o obeso corre o risco de emagrecer por desnutrição e desidratação", alerta Rotman.

NAS DIETAS - Pesquisas mostram que a diminuição da ingestão de água nas primeiras semanas de dieta aumenta em muito a perda de água corporal, devido à desidratação, além de diminuir a proporção de gordura queimada. Por isso, é importante fornecer uma quantidade adequada de água ao organismo obeso durante o período de restrição calórica. "A restrição de água prejudica a queima de gordura", diz Rotman.

O médico explica que o esvaziamento dos alimentos pelo estômago é muito mais rápido quando se come com pouca ou nenhuma água. Esta eliminação rápida, além de não produzir saciedade, favorece o ato de comer mais durante o dia. Quanto maior o consumo de água nas refeições, menor é ingestão de comida. "Beber água durante ou fora das refeições é um hábito saudável para se manter em forma", diz Rotman.

Ele lembra que a água tem inúmeras funções no organismo, como, por exemplo, ajudar na produção da linfa, do sangue e das secreções. Age também como lubrificante das articulações e nos movimentos das vísceras; regula a temperatura corporal e leva enzimas e nutrientes. "Quem bebe pouca água podesofrer prisão de ventre, doença diverticular do intestino grosso e síndrome do cólon irritável", alerta.

A escritora Sônia Hirsch, autora de livros de nutrição, concorda com Rotman e acrescenta que a água umedece os pulmões e refresca. "A carência de água causa acúmulo de toxinas e mau funcionamento de todos os órgãos", diz Sônia. Ela recomenda 1,5 mililitros de água para cada caloria, isto é, três mil mililitros para duas mil calorias. Isto corresponde, em média, a oito copos de água por dia. Na gravidez e durante a amamentação deve-se beber um litro a mais. Os adultos perdem todos os dias 4% do peso corporal em água e crianças, 15%.

Já o médico Stanley Goldfarb, professor da Universidade da Pensilvânia, acredita que beber água é uma maneira eficaz de se livrar dos cálculos renais. Um estudo revelou que homens que bebem maior quantidade de líquidos diminuem suas chances de cálculos renais em 29%, porque a água neutraliza os efeitos nocivos do cálcio, oxalato e de outros minerais formadores de cálculos. Goldfarb receita dois copos de água a cada quatro horas. E este hábito deve ser seguido independentemente do consumo de outros líquidos.

O médico David Sack, professor da Johns Hopkins University, prefere a água mineral naturalmente gasosa, em vez da água sem gás. "A carbonação deixa a água mais ácida, matando a maioria dos germes nocivos à saúde e que causam diarréia", diz Sack.

Fonte: http://www2.uol.com.br/JC/_1998/0807/fa0507f.htm

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