quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Radônio, mecanismo de ação e principais efeitos

Nenhum ser vivo dispensa a ação da radioatividade.
Ela é necessária à vida, como a luz, o calor e a eletricidade.
Dado o seu extraordinário poder energético, somente existe em pequena proporção na Natureza; daí a explicação de ter sido a última forma de energia descoberta.

O interesse biológico das radiações alfa, beta e gama, como expõe com muita clareza San Roman, foi retardado pelo fato de se ter conhecido e estudado primeiramente a ação das doses intensas no corpo humano. Estudou-se de início o poder destruidor dos tubos de radium e dos raios mais penetrantes (raios x e raios gama) sobre a pele, provocando radiodermites.É como se tivéssemos começado por estudar a ação, sobre os seres vivos, do calor, da luz e da eletricidade, aplicando no organismo o calor de cautérios, a luz direta e cegante do sol sobre a retina ou a ação de eletricidade do raio que destrói.Não se pensou, nos primórdios da radioatividade, que elementos tão poderosos, que atravessam corpo opacos, inclusive metais, pudessem ter ação biológica em doses tênues, como as que são proporcionadas pelas águas minerais ou pela atmosfera (radioclimatismo).

Nas águas minerais a ação e o efeito da “terapia débil do radium” ,como se expressam ou autores alemães, são evidentes. A emanoterapia pode ser aplicada sem qualquer efeito nocivo na clássica cura balneária.É a aplicação prática da lei de Arndt & Schultz, de tanto uso na farmacologia experimental, explicando numerosos fenômenos fisiopatológicos e terapêuticos: “ um estímulo débil aumenta a atividade fisiológica na mesma proporção que um estímulo forte a inibe ou a faz cessar”. E a emanoterapia é essencialmente uma forma da estimuloterapia aplicada por intermédio das águas e dos microclimas radioativos.

A descoberta da radioatividade nas águas minerais se deu em 1901-1902 por Elster e Geitel na Alemanha e quase simultaneamente por Pochettino e Sella na Itália. Meyer e Mache nas cercanias de St. Joachimstal e Thompson nas fontes de Cambridge.Dois anos depois Himstedt identificou o radônio nas águas minerais.

No Brasil, quando se realizou no Rio de Janeiro o 4º Congresso Médico Latino-Americano, em agosto de 1909, foi apresentada pelo prof. A. Teixeira Nascimento Bittencourt, com a colaboração do químico general Augusto César Diogo, a memória “ Breve notícia sobre a radioatividade de algumas fontes brasileiras”, que marcou o início dos estudos sobre o importante assunto entre nós.

O radônio provém imediatamente da transformação do radium e, por isso, desprende-se de todos os seus compostos. É elemento de número atômico 86 e massa atômica 222, incolor, gasoso, muito solúvel, difundindo-se facilmente nas águas e nos gases.
Desde 1923, segundo Cintra do Prado, a designação “ emanação” vem sendo usada para os três gases radioativos, acompanhada do nome do elemento mais conhecido da respectiva série: emanação do radium, emanação do tório, emanação do actínio. Os nomes contraídos – radônio, torônio, actínônio – foram propostos em 1918 por Schmidt.

As emanações são quimicamente inertes, constituídas mesmo por moléculas monoatômicas, sendo homólogas dos gases nobres.Sempre tem falhado as tentativas feitas para obrigá-las a entrar em combinações (ensaios de redução, de oxidação, etc)Os gases nobres receberam esta denominação porque não entram em combinação química com qualquer outro elemento, sendo os mais conhecidos o hélio, o argônio, criptônio, neônio e xenônio.

A emanoterapia é praticada por meio de águas minerais radioativas e utiliza-se também a emanação artificial, na qual se adicionam dispositivos especiais para incorporação do elemento radioativo da água.

A radiação alfa emitida pelo radônio está enquadrada na estimuloterapia, fornecendo excitações puramente físicas, com intensa atividade sobre as células, com partículas dotadas de energia cinética extremamente poderosa. Essas partículas agem sobre as moléculas, com as quais entram em contato produzindo alterações sob a forma de iontes eletropositivos e eletronegativos. A emanoterapia está incluída na fisioterapia, pois a sua ação essencial é provocar excitações micromecânicas, que constituem verdadeiros projetis atômicos que bombardeiam todo o organismo.
A penetração do radônio se realiza através da pele, vias respiratórias e tubo digestivo. Embora seja um elemento que não atua quimicamente durante a sua permanência no organismo, por meio da circulação, transmite energia cinética a todas as células. A sua ação é puramente física e a sua eliminação relativamente rápida, não se acumulando e não sendo prejudicial.Em doses adequadas o radônio é totalmente inofensivo.

Em todos os casos o enriquecimento orgânico do radônio se obtém progressivamente, iniciando a radonemia em 15 minutos e atingindo o máximo ao fim de 40 minutos.O tempo de ação é de quatro horas; a eliminação definitiva é prolongada de mais de três horas aproximadamente, o que dá um total de sete horas, no qual o organismo recebe o influxo de excitações micromecânicas.

Admitindo-se este mecanismo de ação, não resta dúvida que a emanoterapia é eficaz como tratamento auxiliar e, em muitos casos, como tratamento básico, o que explica a influência que pode exercer sobre certos distúrbios orgânicos, levando-os a um equilíbrio mais normal, que se pode traduzir por melhoria ou recuperação da saúde.

O emprego da radioatividade das águas minerais como tratamento médico vem tendo aceitação e entre os efeitos radiobiológicos melhor estudados citam-se: aceleração do metabolismo celular; eliminação do ácido úrico, transformando-o numa combinação mais solúvel, de fácil excreção renal; estimulação das secreções internas;regularização da pressão sanguínea; ação diurética; ação antialérgica; ação sedativa com melhoria do sono e do estado geral. Diz Silva Mello, interpretando a ação da emanoterapia:- “ Exerce grande efeito, quer em doentes, quer em indivíduos sãos.A sua aplicação pode ser decisiva em nervosos, fatigados, neurastenizados, que em geral dormem mal e se queixam de outros sintomas, uma série interminável de sofrimentos”.
Fonte:Benedictus Mário Mourão,Temas de Crenologia,Volume I,Poços de Caldas,1976

Nenhum comentário:

Postar um comentário